Com a possibilidade de uma nova estiagem prolongada no Amazonas, alternativas logísticas estão sendo consideradas para garantir o abastecimento de Manaus. Entre essas opções estão os portos em Belém e Santarém, no Pará, que podem receber mercadorias de navios de grande porte impossibilitados de navegar até a capital amazonense. Além disso, a Venezuela surge como uma alternativa viável para o transporte de insumos e produtos pela BR-174.

O geógrafo Geraldo Alves, professor aposentado da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e doutor em Engenharia de Transportes, aponta a BR-163, conhecida como Cuiabá-Santarém ou “Rota do Agro”, como uma rota terrestre alternativa até a capital paraense. “Existe a possibilidade de que as carretas, em vez de irem a Porto Velho, possam seguir para Santarém pela BR-163. Outra possibilidade é trazer insumos para Manaus via Belém, embora isso possa representar um custo adicional”, explica Alves.

A novidade, segundo o especialista, é a utilização da BR-174, que conecta Manaus a Boa Vista (RR), permitindo que carretas transportem produtos de Caracas diretamente para Manaus em uma viagem de 12 a 15 horas. “O único desafio é a questão alfandegária, mas uma vez superadas essas questões burocráticas, a rota é viável. O asfalto está pronto e a viagem pode ser feita sem problemas”, afirma Alves. “Seja por Belém, Santarém ou Venezuela, temos alternativas que podem assegurar a produção das empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM)”.

Entretanto, o economista Wilson Périco alerta que o principal problema reside no trecho de navegação pelos rios do Amazonas. “As mercadorias que chegam e saem de Manaus, se não forem pelo modal aéreo, sofrem o impacto da vazante ao navegar em balsas pelo Rio Madeira ou em navios desde o porto de Santarém. Portanto, é uma questão fluvial”, diz Périco. Ele destaca que, embora o modal rodo fluvial seja mais econômico que o aéreo, a seca severa atual exige o uso de balsas e navios de calado menor, aumentando os custos logísticos que acabam sendo repassados aos consumidores.

Périco também defende medidas para garantir a navegabilidade dos rios ao longo do ano, e não apenas durante a estiagem. “Precisamos do balizamento dos rios Madeira e Amazonas para garantir a navegabilidade contínua. A alternativa pela Venezuela, embora viável, não resolveria completamente o problema logístico de Manaus”, conclui o economista.

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