Os corpos hídricos naturais do Brasil estão encolhendo a uma taxa alarmante. Dados divulgados nesta quarta-feira (26) pela nova coleção do MapBiomas Água revelam que, entre 1985 e 2023, houve uma redução de 6,3 milhões de hectares na superfície do território brasileiro coberta por água, representando uma queda de 30,8%. Em 2023, a água cobriu apenas 18,2 milhões de hectares, uma diminuição de 1,5% em relação à média histórica.

Desde o ano 2000, os biomas brasileiros vêm enfrentando uma contínua perda de superfície hídrica, com a década de 2010 sendo particularmente crítica. Em 2021, o Brasil já havia registrado uma retração de 7% na superfície hídrica, e a tendência de diminuição persiste. Juliano Schirmbeck, coordenador Técnico do MapBiomas Água, destaca que "essas tendências agravadas pelas mudanças climáticas ressaltam a necessidade urgente de estratégias adaptativas de gestão hídrica".

A retração está ocorrendo principalmente em corpos hídricos naturais como rios e lagos. Em contraste, superfícies artificiais cobertas por água, como reservatórios e hidrelétricas, estão em expansão. Em 2023, os grandes reservatórios cresceram 26% em comparação a 1985. Metade das bacias hidrográficas do país registraram níveis abaixo da média histórica, com estados como Mato Grosso do Sul e Mato Grosso sofrendo perdas significativas de superfície de água, 274 mil hectares (-33%) e 263 mil hectares (-30%), respectivamente.

Corumbá (MS) foi o município mais afetado, com uma perda de 261 mil hectares de superfície de água, uma redução de 53% em relação à média histórica. A cidade também lidera no bioma Pantanal em termos de área perdida para o fogo, com 348 mil hectares de vegetação nativa destruídos este ano. Entre os biomas, a Amazônia teve a maior perda absoluta de áreas cobertas por água em 2023, totalizando 3,3 milhões de hectares. Em termos percentuais, o Pantanal foi o bioma mais afetado, com uma queda de 61% em áreas alagadas desde 1985.

 

Enquanto biomas como Cerrado e Caatinga experimentam aumentos na superfície da água devido à criação de hidrelétricas e reservatórios, a Amazônia e o Pantanal enfrentam graves reduções hídricas. Estes impactos têm consequências ecológicas, sociais e econômicas significativas, sublinhando a necessidade de intervenções urgentes e eficazes para mitigar os efeitos das mudanças climáticas sobre os recursos hídricos do Brasil.

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